independÊncia ou morte

Tião Martins

Independência ou morte – 1

 

Há terapeutas corajosos que ousam classificar como "vício" a eterna dependência do filho em relação à mãe. Talvez haja outros, ainda mais audaciosos, que também caracterizem como viciosa a dependência das mães em relação aos filhos.
Não é só questão de justiça, mas resultado da compreensão de que toda relação de dependência tem dois pólos.
Resumindo, mães possessivas também são possuídas. E é nesse espaço de ambiguidade e incerteza que surgem tantas personalidades dependentes e doentias. Fala-se de ambiguidade porque os sentimentos em jogo são os melhores do mundo, os mais insuspeitos e, entretanto, geram graves deformações. Afinal, toda mãe, se for emocionalmente saudável, só quer o bem do seu filho.
Como poderia ser ela a origem da insegurança, ansiedade e medo que vão atormentar o rapaz pelo resto da vida?
Acontece, menina, que nem toda mãe é tão equilibrada quanto a sua. A mãe superprotetora, que se preocupa dramaticamente com o filho, cada vez que ele vai até a esquina e saúda o seu retorno com lágrimas de agradecimento aos céus, como se fosse uma ressurreição, deixará marcas profundas no próprio coitado. E, se não mudar de atitude, carregará para sempre a certeza de que precisa estar ao lado dele, a fim de garantir sua sobrevivência.
Se você não for psicóloga ou psiquiatra, dirá que isso é loucura. E é, embora os profissionais já não utilizem mais palavras tão expressivas, que se tornaram "politicamente incorretas". Há uma infinidade de categorias, siglas e evasivas, para denominar os distúrbios e ocultar, da maioria da população, o seu real significado. E acontece o mesmo em todas as especialidades médicas.
Mãe possessiva tem efeito igual ao que uma pequena queda d’água produz na pedra mais dura: durante anos, insistindo na mesma tecla, tanto batem até que furam as defesas, a personalidade, os sonhos e os desejos do menino que um dia será jovem, adulto e homem maduro, sem se livrar dessa marca. Há muitos por aí que, se descrevessem seus momentos de pânico, descobririam que são da primeira infância.
E qual é o efeito, sobre as mães, da possessividade e dependência do filho?
O primeiro e mais grave efeito é a renúncia a uma vida independente, que lhe permita descobrir e experimentar o seu potencial para ser algo mais, além de mãe em tempo integral. Mãe eterna, por assim dizer.
As mães eternas podem não reconhecer (e nem perceber) o estrago que a dependência produziu em suas vidas, mas basta ouvi-las falar de sua juventude e dos sonhos e projetos que tinham, para descobrirmos o enorme sentimento de perda que tentam ocultar de si mesmas e do resto do mundo.
Algumas queriam escrever, pintar, tocar piano ou prosseguir com os estudos universitários, mas desistiram: "Não havia tempo e energia", elas dirão, pois tinham que se dedicar seus dias e noites a cuidar do bebê.
Só que o bebê cresceu e elas não viram. Não quiseram e não podiam ver, sob pena de permitir que a arquitetura de suas neuroses desabasse inteira.
Você talvez imagine que coisas assim já não acontecem, pois as mulheres de hoje são donas do seu nariz, como dizem tantas meninas que enviam mensagens a esta esquina da ilusão com a verdade.
E elas são mesmo, mas isso não impede que algumas ainda caiam nas armadilhas do passado e se tornem escravas de um ou mais filhos.
E serão escravas de si mesmas, até que um dia descubram onde deixaram o seu grito da independência.

Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/ti-o-martins-1.168/independencia-ou-morte-1-1.31209

 

 

 

Mãe protetora de ‘Viver a Vida’ não existe só na ficção

Muitas vezes excesso de zelo acaba prejudicando relação com os filhos

 

Ingrid, personagem de Natália do Vale na novela global Viver a Vida, não poupa esforços para fazer com que os filhos Miguel e Jorge, vividos por Mateus Solano, tenham a vida que imaginou para eles. Dá palpite em tudo, critica suas decisões sem parar e tenta afastá-los das namoradas que não a agradam. Já chegou a dizer que "mãe pode tudo". Os gêmeos ficam insatisfeitos, não seguem as suas vontades e as brigas são constantes.

Mães que se intrometem excessivamente também são assunto nas telonas. O longa A Sogra, de 2005, por sua vez, conta a história da mãe Viola (Jane Fonda), que acabou de ser demitida do emprego e não quer perder também o filho, Kevin (Michael Vartan). Por isso, faz de tudo para separá-lo de Charlotte (Jennifer Lopez), sua nova parceira.

Comportamento
Os motivos que levam pais e mães a quererem participar mais do que deveriam da vida da prole podem ser os mais variados. Entre eles estão excesso de zelo e apego, gostar de controlar tudo, ter sido criado da mesma forma, querer que faça o que não conseguiu, dificuldade em aceitar que as crianças cresceram.

Muitas vezes, nem percebem, mas se prejudicam com esse comportamento. "Preocupar-se com o filho é absolutamente normal, mas viver em função dessa preocupação, não. A pessoa acaba se anulando e vive menos plenamente", afirma o psicólogo e psicoterapeuta Antonio Carlos Amador Pereira, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC)/SP. "É essencial aprender a cuidar de si, fazer coisas boas para si. Se não consegue isso, a terapia pode ser um meio de ajuda para identificar as alternativas positivas."

Dependendo de como é o relacionamento em casa, os jovens podem se tornar passivos, rebeldes, dependentes. Existe a possibilidade ainda de alguns terem dificuldade de se relacionar ou apresentarem baixa autoestima. Afastar-se dos pais também é um dos resultados possíveis.

Quando o assunto em questão é crítica, o psicólogo ressaltou que são necessárias, quando não extrapolam na dose. "O problema é o excesso delas. Se a pessoa só critica e não dá espaço para nada, pode fazer com que o outro tenha medo de errar, se torne muito sensível a críticas." Sugestões são bem-vindas quando há espaço para se pensar sobre elas e, então, agir da maneira que achar melhor.

Limites
A frase "as pessoas devem criar os filhos para o mundo" se encaixa perfeitamente ao assunto. Segundo Angélica Capelari, professora de psicologia da Universidade Metodista de São Paulo, a participação dos pais é maior quando os filhos são crianças, porque estão aprendendo a ter informações para optar. Conforme crescem, esse envolvimento deve diminuir, para que possam fazer suas escolhas e, inclusive, "quebrar a cabeça".

Na opinião de Pereira, relacionamentos ruins pedem conversas francas. Se não resolvem, muitas vezes a situação só apressa o ato natural dos filhos saírem de casa.

Fonte:  http://webcache.googleusercontent.com 

Sobre Butterfly

gosto de temas espirituais, místicos/esótericos, políticos, sociais, direitos humanos, educacionais, psicológicos/ filosóficos e tudo que acrescente a alma.
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